quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Semana dos Seminários


Carta do Papa Bento XVI aos Seminaristas

Reflexões para cada dia da Semana a partir da Carta do Papa Bento XVI aos Seminaristas, de 18 de Outubro de 2010.

1º Dia
O Seminário é uma comunidade que caminha para o serviço sacerdotal.

Em Dezembro de 1944, quando fui chamado para o serviço militar, o comandante de companhia perguntou a cada um de nós a profissão que sonhava ter no futuro. Respondi que queria tornar-me sacerdote católico. O subtenente replicou:
- Nesse caso, convém-lhe procurar outra coisa qualquer; na nova Alemanha, já não há necessidade de padres…
Hoje a situação é completamente diversa, porém mesmo nos nossos dias muitos pensam que o sacerdócio católico não seja uma profissão de futuro, antes pertenceria já ao passado.
Caros seminaristas, contrariando tais objecções e opiniões, vós decidistes-vos a entrar no Seminário, encaminhando-vos assim para o ministério sacerdotal. E fizestes bem, porque os homens sempre terão necessidade de Deus.
Deus vive, e precisa de homens que vivam para Ele e O levem aos outros.
Sim, tem sentido tornar-se sacerdote: o mundo tem necessidade de sacerdotes, de pastores hoje, amanhã e sempre enquanto existir.
Uma pessoa não se torna sacerdote, sozinha. É necessária a comunidade dos discípulos. (Introdução)

2º Dia
Quem quer tornar-se sacerdote, deve ser sobretudo um homem de Deus.

O elemento mais importante no caminho para o sacerdócio e ao longo de toda a vida sacerdotal é a relação pessoal com Deus em Jesus Cristo. O sacerdote não é o administrador de uma associação qualquer, cujo número de membros se procura manter e aumentar. É o mensageiro de Deus no meio dos homens… Por isso é muito importante aprender a viver em permanente contacto com Deus.
Quando o Senhor fala em orar sempre naturalmente não pede para estarmos continuamente a rezar por palavras, mas para conservarmos sempre o contacto interior com Deus… É importante que o dia comece e acabe com a oração; que escutemos Deus na leitura da Sagrada Escritura… (nº 1)

3º Dia
O centro da nossa relação com Deus é a Eucaristia.

Para nós, Deus não é só uma palavra. Nos sacramentos, dá-se pessoalmente a nós, através de elementos corporais. O centro da nossa relação com Deus e da configuração da nossa vida é a Eucaristia; celebrá-la com íntima participação e assim encontrar Cristo em pessoa deve ser o centro de todas as nossas jornadas.
Na liturgia, rezamos com os fiéis de todos os séculos; passado, presente e futuro encontram-se num único grande coro de oração. (nº 2)

4º Dia
Importante é também o sacramento da Penitência.

Ensina a olhar-me do ponto de vista de Deus e obriga-me a ser honesto comigo mesmo; leva-me à humildade.
Uma vez o Cura d’Ars disse: Pensais que não tem sentido obter a absolvição hoje, sabendo entretanto que amanhã fareis de novo os mesmos pecados. Mas o próprio Deus neste momento esquece os vossos pecados de amanhã, para vos dar a sua graça hoje.
Na grata certeza de que Deus me perdoa sempre de novo, é importante continuar a caminhar…
E, deixando-me perdoar, aprendo também a perdoar aos outros; reconhecendo a minha miséria, também me torno mais tolerante e compreensivo com as fraquezas do próximo. (nº 3)

5º Dia
A piedade popular é um grande património da Igreja

Mantende em vós também a sensibilidade pela piedade popular, que, apesar de diversa em todas as culturas, é sempre também muito semelhante, porque, no fim de contas, o coração do homem é o mesmo.
É certo que a piedade popular tende para a irracionalidade e, às vezes, talvez para a exterioridade. No entanto, excluí-la, é completamente errado. Através dela, a fé entrou no coração dos homens, tornou-se parte dos seus sentimentos, dos seus costumes, do seu sentir e viver comum. A piedade popular faz de nós mesmos povo de Deus. (nº 4)

6º Dia
O tempo no seminário é também e sobretudo tempo de estudo.

A fé cristã possui uma dimensão racional e intelectual, que lhe é essencial. Sem tal dimensão, a fé deixaria de ser ela mesma.
Adquirir a capacidade para dar respostas é uma das principais funções dos anos de Seminário. Estudai com empenho! É certo que muitas vezes as matérias de estudo parecem muito distantes da prática da vida cristã e do serviço pastoral. Poderá isto servir-me no futuro? É que não se trata apenas de aprender as coisas evidentemente úteis, mas de conhecer e compreender a estrutura interna da fé na sua totalidade…
Amai o estudo da teologia e segui-o com diligente sensibilidade para ancorardes a teologia à comunidade viva da Igreja… (nº 5)

7º Dia
Os anos no Seminário devem ser também um tempo de maturação humana.

Para o sacerdote, que terá de acompanhar os outros ao longo do caminho da vida e até às portas da morte, é importante que ele mesmo tenha posto em justo equilíbrio coração e intelecto, razão e sentimento, corpo e alma, e que seja humanamente íntegro.
Faz parte deste contexto também a integração da sexualidade no conjunto da personalidade. A sexualidade é um dom do Criador, mas também uma função que tem a ver com o desenvolvimento do próprio ser humano.
É um elemento essencial do nosso caminho praticar as virtudes humanas fundamentais, mantendo o olhar fixo em Deus que Se manifestou em Cristo, e deixar-se incessantemente purificar com Ele. (nº 6)

8º Dia
O Seminário é uma escola de tolerância

É o período em que se aprende um com o outro e um do outro.
Hoje, muitas vezes a decisão para o sacerdócio desponta nas experiências de uma profissão secular já assumida. Frequentemente cresce nas comunidades, especialmente nos movimentos… amadurece em encontros muito pessoais com a grandeza e a miséria do ser humano.
Na convivência, por vezes talvez difícil, deveis aprender a generosidade e a tolerância não só suportando-vos mutuamente, mas também enriquecendo-vos um ao outro, de modo que cada um possa contribuir com os seus dotes peculiares para o conjunto, enquanto todos servem a mesma Igreja, o mesmo Senhor.

Confio o vosso caminho de preparação para o sacerdócio à protecção materna de Maria Santíssima, cuja casa foi escola de bem e de graça. (nº 7)

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